Com minha mãe, aprendi a desenhar. Com a minha avó, aprendi a resignação diante daquilo que é maior. Com ela, aprendi ter fé. De novo com minha mãe, aprendi a rir alto. Com minha tia Regina, aprendi o que é ter cuidado. Com Francisco, aprendi a gostar de história. Com Renata, aprendi a guardar papéis de carta na pasta. Com Priscila, aprendi a brincar, mesmo velha. Com Emília e Iara, aprendi a compor músicas pop. Com Yoshimeri, aprendi o que era ter uma melhor amiga e como não tratar, uma melhor amiga. Aprendi com ela também a escrever cartas. Com meu pai, aprendi que se deve perdoar. Com minha tia Ruth, aprendi que há que se vigiar e orar sempre. Com Tia Célia, aprendi a fazer bolo e cuscuz. Com meu tio Ruy, aprendi que se cuida da família sempre. Com pró Aldenice aprendi a ler. Com Lisa, aprendi que mudar nunca é demais. Com Ana Fernanda, aprendi a admirar os astros. Com Raiça, aprendi poesia. Com Roberto, Edmundo, Jacyan, Cláudio, Kleber, Fábio, aprendi a gostar e querer estar no palco, com amor e respeito. Com Saulo, aprendi a leveza e com Paula, aprendi que fazer nunca é demais. Com Cássia, aprendi o rigor. Com Ramona, Nilton, Luciana, Kleper, Maick, Giorgia, Gina, Vânia, Rebeca e pessoas, que injustamente pelo açoite da memória falha, aprendi a valorizar o tesouro da amizade e a variedade de cores que ela tem. Agradeço aos tantos que cruzam meu caminho, enriquecendo meus passos, tornando-os mais firmes. Agradeço a generosidade das trocas. Agradecer ainda é pouco. Mas faço dessa escrita, esse exercício de gratidão como cultivo de flores, como cultivo da graça da vida. Que sim, é deveras graciosa, esgueirando-se na tessitura dos encontros, provocando esbarrões e afetos.
Para além das minhas sentimentalidades e poesia ruim. Um lugar de compartilhamento de percepções, em prosa clara – em tentativa. Crônicas e comentários sobre esse meu lugar de fala de mulher negra, feminista, artista, cínica e aguda. Quero fazer aqui pontuações sobre observações extraídas do cotidiano. Com ou sem poesia. Mas nada impede, que em paralelo, a Mônica sentimentalista, que escreve sobre seu umbigo dolorido, se manifeste na lírica. Convivemos todas.