segunda-feira, 21 de julho de 2014

Parágrafo Final

Tenho o dom de provocar fins. Mais um enuncia no fim da página. Já escrevo para lembrar: devo esquecê-lo. Das obrigações da vida: apagar mentalmente quem nos ignora previamente. Sou muito boa em ser ignorada. Crio situações para falar sozinha. Receber costas viradas. Portas batidas, palavras não ditas. Sou mestre em apegar-me a quem me presenteia com silêncios diante de minhas perguntas. Mais um fim construí. Agora apago mensagens, números, fotos trocadas, expectativas construídas. Desejo que esteja enganada, mas não me engano com fins. Esse chegou e já anoto na agenda: devo esquecê-lo. Não sou boa nisso, mas escrevendo dez vezes, cumprirei essa tarefa: gosto desse rapaz e devo esquecê-lo. Mais um fim se anuncia. E o telefone não vai tocar. Fim.

domingo, 13 de julho de 2014

Quando uma alma reconhece outra

Pensei que tinha endurecido. Mas não. Não endureci. Não fiquei amarga. Tenho umas marcas, uns medos paralisantes. Penso sempre que não vai dar, que não vai ser, que a pessoa não estará lá. Penso toda sorte de coisas sórdidas, alimentando de fato uma pouca crença. Mas você me apareceu como a esperança sorrindo: não deixei e acreditar em nada. Sou ainda sonhadora, romântica e boba. Diante do seu sorriso, ainda de menino, perco 20 anos e volto aos 15, quando eu já era descrente. 
E não sei. E as lágrimas são tantas, mas não é dor. É um contentamento que não se contenta em sorriso: por isso, choro. Não sabia que podia ainda me encantar. Não sabia que podia ser aquela moça que sorri de doçura. Você me devolveu esse direito de sentir as pernas tremulas. De dormir suspirando. De sonhar com coisas que me pareciam improváveis. 
E o futuro é só incerteza. Mas esse instante é tanta alegria. É tanto reconhecimento de uma alma paga outra... Enfim, enamorada.