segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Lua

E lá fora a lua cheia inflama os nervos. Balas de borracha. Balas de pólvora inflamam músculos acesos que protestam contra fés sedimentadas sobre hipocrisias. Mulheres se beijam. Alguém cobre o rosto. Por aqui, pouco barulho. Inflamadas só as espinhas. Ocuparam a Câmara de Vereadores. E diante da indignação virulenta, uma esperança de que os olhos vejam que as coisas não vão bem, embora já tenham sido muito piores.
O horóscopo avisa: não se exponha à rua, à noite, aos deslimites. A doença está no ar. Mas me sinto esperançosa: parece que finda o tempo para o conformismo. Me sinto esperançosa: parece que finda o tempo para os tapetes mágicos que escondem poeira de séculos. Parece que finda. Mas a máquina de produzir inflamações ainda não pára. Ainda não fora desengrenada: a rua é silente, porque nos guardamos em casa pelo medo. A rua é silente, porque ninguém se arvora a andar nas ruas às 22h. Nem eu... que me resguardo, motivada pelo horóscopo e pela covardia.
A lua, quando enche, deixa as emoções turvas. Faz os dentes inflamarem, recorda as fraturas, embaça a noite. A lua, quando enche, traz coragem, lembra o amor. A lua também ilumina o Papa.

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