quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Ainda é tarde, amor

Um reconhecimento trago ao ver o rosto no espelho e identificar o bigode chinês sobre os grossos lábios: não, não, não amadureci. Sou ranzinza, bastante reclamona e altamente atolemada. Mas não sou madura. Ainda choro no escuro, totalmente indignada com minha solidão. Ainda danço no espelho diante de uma roupa nova e suspiro ao ver Brad Pitt nas telas grandes. Não sou madura. Me divirto com competições inúteis por colocação em joguinhos. Ainda brinco de casinha no The Sims. Ainda sonho com uma vida que serei uma mulher bonita, bem sucedida e cobiçada, com uma linda filhinha correndo pela casa e um marido amoroso, lendo jornal no sofá. Ainda sonho com um moça econômica que não aprendi a ser. Ainda sonho com o que acho que já poderia ter superado sonhar. O tempo de tanto devaneio já passou e não cabe mais minhas aspirações de menina de 15 anos. São já 34... e ainda sou a mesma menina que escreve coisas no caderno. Ainda acendo velas porque tenho medo do escuro. Ainda...é tarde.

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