Para além das minhas sentimentalidades e poesia ruim. Um lugar de compartilhamento de percepções, em prosa clara – em tentativa. Crônicas e comentários sobre esse meu lugar de fala de mulher negra, feminista, artista, cínica e aguda. Quero fazer aqui pontuações sobre observações extraídas do cotidiano. Com ou sem poesia. Mas nada impede, que em paralelo, a Mônica sentimentalista, que escreve sobre seu umbigo dolorido, se manifeste na lírica. Convivemos todas.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
A louca
Algumas vezes faz-se necessário acalmar a louca interior. Fazer compressas e colocar sobre sua testa febril. Dar-lhe doses grossas de xarope. Segurar sua mão, enquanto tenta dormir. A louca quer sair. Ela treme de frio, enquanto ri e faz profecias, que ninguém deseja ouvir. Não há que se lutar contra a loucura: ela subjaz sob a pele, é expelida tal qual suor. A loucura é a única coisa que é. Pinguei óleo essencial me um copo d'água e fiz com que bebesse. Deixei que a louca chorasse um pouco as dores de nada que é, mas apenas do medo que fosse. Esperei que soluçasse e depois de mais água, a louca assentiu - não faço o menor sentido. Posso continuar a ser doce. E a não fazer sentido algum.
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