Há quase um semestre ausente da escrita. Não da escrita do trabalho, não da escrita do estudo. Mas da escrita que me liberta do que me torna mecânica. Da escrita que devolve a vida tirada pelo livro de ponto, pelo cumprimento do horário e das pautas. Andei meio morta, vivendo as obrigações que me cabem. Pouco criativa e pouco sentida. O poder esvaindo entre os dedos, na medida que não olho para os passos que dou. E nessa vida que esvai pela falta da pulsação do escrever bobo nessa página desartizada, apenas comprometida com a tarefa de dizer coisas cujo sentido me escapa.
E diante da folha em branco, penso que não vou escrever: mas a pura liberdade de poder dizer sem quando, onde, porquê, quem, nem pra quê, obrigam-me a exaltação. A liberdade é minha feliz condenação. E impus-me o silêncio, em detrimento da liberdade, coisa que tanto prezo. Liberto-me assim da ausência. Convoco a prosa, a poesia sem rima, as linhas tortas. Convoco a vontade de libertar todos os gritos e assumo que a vida está no verbo e que ele se faça tenra carne. Amém.
Para além das minhas sentimentalidades e poesia ruim. Um lugar de compartilhamento de percepções, em prosa clara – em tentativa. Crônicas e comentários sobre esse meu lugar de fala de mulher negra, feminista, artista, cínica e aguda. Quero fazer aqui pontuações sobre observações extraídas do cotidiano. Com ou sem poesia. Mas nada impede, que em paralelo, a Mônica sentimentalista, que escreve sobre seu umbigo dolorido, se manifeste na lírica. Convivemos todas.
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