quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

11/12/13

Acordo de um sono pesado. Precisei de Dramin para dormir sem interrupções. Perdi a natação. Perdi o horário. Não pude levantar. O peso do corpo era por demais grande. Fiz ligações de trabalho ainda deitada. Mandei emails ainda deitada. A cabeça frenética. O corpo imóvel. Antes de levantar, nas redes sociais a foto da mulher branca e suas servas escuras sob a chuva. Outra foto de um homem negro, machucado, despido e acorrentado numa cadeira. Roubara um frasco de desinfetante. Imagens do século XIX, que parece não ter fim na terra brasilis. 
Trabalho e reconheço que sou desconfiada demais. E essa desconfiança retira minha possibilidade de leveza, atravanca os encontros que a vida poderia me trazer. O medo do machucado que impossibilita de se ter a potência da vida. 
E no meio da tarde, leio o desabafo de um rapaz que por segundos sobreviveu de ter sido imprensado por um ônibus. Porque o trânsito expressa a selva em que vivemos, a sordidez que faz com que uma máquina maior torne um homem mais poderoso do que outro. A sordidez que faz com que a pressa das máquinas seja mais valiosa do que o direito de ir e vir de pedrestes e ciclistas.
E todo esse dia me tornou um pouco oprimida. Embora nada nada tenha me ocorrido. A vida me seguiu boa. Mas estranho a estranheza disso que é ser humano. Esse mal latente, disfarçado. E reconheço no ônibus que não somos irmãos. Sem os laços do afeto...não somos. Talvez seja um erro. Talvez haja mais beleza nas relações - porque de fato há. Sou mais afagada do que repelida. Sou mais gentil que áspera. Rio mais que choro. 
Preciso manter alguma esperança nisso que se constitui a humanidade.

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