domingo, 29 de dezembro de 2013

Banho de Rosas

Peguei duas rosas vermelhas, despertarei na água fervente. Coloquei cravo, canela, essência de ylang-ylang. Fechei os olhos e pedi o despertar de uma energia que vi poucas vezes na vida. De uma moça sorridente que já soube ser. Banhei o corpo, a fronte. Pedi que as energias bonitas de vida e terra voltassem para meus pés. E desde então, deparo com a morte de tudo aqui que pedi. Tudo morrera há tanto e tanto tempo, que dias passados do banho, dos pedidos de fé, reconheço que meu pedido é impossível. Há tantas mulheres mortas dentro do meu peito, abortos não expelidos nesse útero inutilizado, que não há vida possível em mim. Estou morta e não há rosa vermelha que me devolva o viço. 

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