Para além das minhas sentimentalidades e poesia ruim. Um lugar de compartilhamento de percepções, em prosa clara – em tentativa. Crônicas e comentários sobre esse meu lugar de fala de mulher negra, feminista, artista, cínica e aguda. Quero fazer aqui pontuações sobre observações extraídas do cotidiano. Com ou sem poesia. Mas nada impede, que em paralelo, a Mônica sentimentalista, que escreve sobre seu umbigo dolorido, se manifeste na lírica. Convivemos todas.
domingo, 29 de dezembro de 2013
Banho de Rosas
Peguei duas rosas vermelhas, despertarei na água fervente. Coloquei cravo, canela, essência de ylang-ylang. Fechei os olhos e pedi o despertar de uma energia que vi poucas vezes na vida. De uma moça sorridente que já soube ser. Banhei o corpo, a fronte. Pedi que as energias bonitas de vida e terra voltassem para meus pés. E desde então, deparo com a morte de tudo aqui que pedi. Tudo morrera há tanto e tanto tempo, que dias passados do banho, dos pedidos de fé, reconheço que meu pedido é impossível. Há tantas mulheres mortas dentro do meu peito, abortos não expelidos nesse útero inutilizado, que não há vida possível em mim. Estou morta e não há rosa vermelha que me devolva o viço.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário