sábado, 30 de junho de 2012

sim...

Agora que o riso está mais largo. E encontrei outro corpo que me fez sorrir por mais tempo e com mais leveza, noto na solidão, que consegui um feito: acordar meus quadris e fazer brilhar meus olhos. Agora de quadris soltos e ouvidos sorridentes na escuta desses moços tão alegres, tão faceiros, ainda não sei como ressuscitar o que se esconde por detrás do peito. Aquela coisa ainda meio petrificada e horrorizada por poeira de ouro tempo. Ainda não sabia como atrair mãos zelosas para massagear seu peito e acalmar sua vertigem.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Para ser simples

No meio do expediente, entre a tentativa de entender o que significam as palavras do código-fonte do site da organização, coisa para qual não fui alfabetizada, um pensamento acomete e fura a direção da atenção: estou feliz. Feliz de forma simples, sem pretensão. Uma ou outra ansiedade, senão, não seria eu...essa pessoa humana. Mas há felicidade em estar simples. Sentada a trabalhar. Ouvindo alguma música e cometendo inócuas decifrações. A vida é cercada de simplicidade, quando permitimos conviver com seu tédio sem murmúrios. Quando permitimos achar graça no cachorro que se desmancha a um toque afetuoso. Em dividir uma bola se sorvete com um amigo. E tolerar a dificuldade de se fazer dieta, quando se quer comer biscoito. A vida é simples. E há metafísica. Mas por ora, vamos encara-la entre os dentes com um sorriso. Evitando rangidos.

terça-feira, 19 de junho de 2012

O manjericão

Esparramado na terrinha rompeu o tempo e a minha ansiedade - que deu água demais a todas as plantas, veja bem água demais. Ele nasceu ao tempo dele, sem minha mão, sem meu olhar vigilante e as perguntas incessantes: você não vai nascer não? Ele nasceu o manjericão. E está gostoso e vistoso. E fingo que ele não está ali. Por que não quero indagar-lhe nada. Quero que viva. Quero que sirva. E quero sorve-lo com tomates. No seu tempo, sem minha pressa.

O Senhor

Enxergar a velhice de um senhor que devia por obrigação ter afeto, mas nunca o tive, porque nunca o teve, fez me ver, que a despeito do que sempre propaguei a esses ventos todos: nunca amei homem nesta vida. E assustada pela constatação que fez quebrar quatro copos e rasgar todos os textos de amor que escrevi no passado, consinto: nunca amei nessa vida. Desejei, muito. Os homens. O pai que não tive. Mas amar. Nenhum. Não me foi possível ter afeto desamarrado por homem. Espero de mãos dadas com alguém dar esse passo. E senhor, desejo-lhe saúde e a casa cercada pelo afeto de seus netos, que são bonitos.

Troquei de endereço

Estou de casa nova. Novo título. Novo jeito de escrever. Porque sou pedra rolando, despedaçando na ladeira. Chegando ao fim diferente. Sendo outra, com menos pedregulhos que no início do curso. Não posso ser mais Amélie. Não sou mais a moça de 25 anos que se identificou com a personagem, que pintou tudo a sua volta de vermelho e verde. Não sou mais sonhadora. Tornei-me prática, objetiva, ainda estabanada, ainda idealista. Mas acho que não romântica, não tão fantasiosa, não tão dotada de estratagemas para fazer do cotidiano um deleite de romance.
Não tenho gostado de romances. Não acredito em romances. E rosa funciona bem como batom.
Sou outra, tanto mais agridoce. Mais ciente da liberdade. Mas consciente dos desafios de concretizá-la.
Estão abertas as portas para isso aqui que não sei direito o que será.
Mas que seja tenro, honesto, escrito com cuidado e olhos cuidadosos.