O ódio vem na garganta e corta tudo por dentro. Poderia lançar copos de extrato de tomate contra a parede, mas o medo dos cortes me impede. Não sei sentir ódio. Mas estou permitindo que ele se instale: quero aprender o que ele tem a me dizer. Quero extrair dele a dignidade e a antipatia necessária para se adquirir respeito. E perdi, ao menos por um dia, o medo do ferimento causado pelas palavras. Passei a noite com os dentes cerrados. E já que minhas unhas são frágeis, que as palavras machuquem na mesma medida. Não sou santa. Pela primeira vez, não sou santa. Quero que a indiferença que me arranhou os pulsos, sinta frio da ponta da navalha. Que a truculência também é amor, disso já sei. Mas que por hoje, seja ela ódio. E que o futuro lhes traga a indiferença semeada.
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