domingo, 25 de janeiro de 2015

[lírica] Sobre Marte e outros deuses

Desde que Marte pousou no céu, tive assombroso medo do fogo e dos homens.
Desde que Marte pousou no céu e Kali iniciou suas danças sobre a terra, coloco ao meu lado da cama uma xícara de mel. 
Contudo, o calor é tanto que esse mel borbulha e ferve. 
Desde que Marte pousou no céu e Ogum deu a partida no céu carro, entoo o balido da cabra.
Destilo o mel na água para que meu corpo funcione. 
Bebo o mel e o sinto no encontro entre meus dedos: sou irritada e doce.
Exu me abraçou e fiquei tranquila. 
Yansã me abraçou e sua ventania me trouxe paz: estou em casa. 
Oxalá me deu suas bênçãos e no Bomfim vi tanta luz.
Desde que Marte pousou no céu, invoquei todos os santos e divindades.
Convoco a paz de São Francisco. 
Peço que as Yabás acalmem os rios revoltos na Nigéria.
A Nossa Senhora que inspire a tal liberdade, fraternidade e igualdade, tão cantada e nunca vista.
E que Netuno não nos faça confundir fé com dominação.
Desde que Marte pousou no céu, adoto O Eremita como amigo.
E na saída dos barcos para Yemanjá eu peço: abundância.
E que o mel seja doce. 


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