Doze tons de pele criados pelo Uniafro/Pinktor melhor satisfazendo a diversidade étnica brasileira |
Uma mulher com um cabelo afro bonito, frondoso, armado para cima. Ela é bonita. Tem a pele bem preparada pelos produtos de beleza que vende: sua beleza é seu cartão de visitas. Ela está num salão, onde apresenta produtos e maqueia mulheres. Em sua volta, todas mulheres são negras. Cada uma com uma textura de cabelo diferente, experimentando uma diferente estratégia de penteado: tranças alongadas, tranças nagô, cabelos crespos naturais, megahair... de maneira geral, parecem mulheres bem fortalecidas em sua forma beleza.
A tal mulher se olha no espelho e conta que seu pai era índio - engraçado que na cultura mestiça brasileira, alegar que os antepassados são índios, fazem alguma espécie de distinção para aquele negro que visivelmente não tem presença do branco em sua árvore genealógica. Ela explica que suas duas irmãs tem cabelo bom e apenas ela nasceu com um cabelo como aquele. A conversa não rende.
Sinto-me um pouco aliviada.
Diante de tantos cabelos, extremamente maleáveis para se fazer o que desejar, é pesadamente triste ouvir que bom é só uma estrutura de fio, lisa, muito distante da maioria das cabeças dessa cidade.
Escuto a pouco na TV a experiência de uma artista visual, que desenvolve uma palheta de cores a partir da diversidade da peles brasileiras. A criadora ofereceu formulários para que o público preenchesse auto-afirmando qual seria a sua cor. Café com leite, chocolate, morena bronzeada pelo sol... A repórter fala da criatividade brasileira e a beleza das negociações da nossa mestiçagem.
Do sofá, discordo. Não enxergo beleza nas negociações usadas pelo brasileiro para não se afirmar negro e se escamotear em qualquer outro distintivo do que isso representa.
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