Para além das minhas sentimentalidades e poesia ruim. Um lugar de compartilhamento de percepções, em prosa clara – em tentativa. Crônicas e comentários sobre esse meu lugar de fala de mulher negra, feminista, artista, cínica e aguda. Quero fazer aqui pontuações sobre observações extraídas do cotidiano. Com ou sem poesia. Mas nada impede, que em paralelo, a Mônica sentimentalista, que escreve sobre seu umbigo dolorido, se manifeste na lírica. Convivemos todas.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Convocatória da Amizade
Nesse mundo em que somos tantas, tantas, tantas, muitas. Nossas força é minada e espezinhada, vendida embalada em latas coloridas. Faz-se urgente sentar-se juntas. Contar histórias. Fazer unguentos. Pentear os cabelos. Pôr águas mornas para os escaldapés. Não, não, é mais tempo para corridas - chega. Competir nunca nos levou a nada. E não, casamentos não vão nos libertar mais. E não seremos tão magras. Nem Miss Simpatia. Não seremos. Sejamos companhia e riso sem temor. Sob a lua cheia, sentir seus encantos. Cozinhar a luz de velas. Tomar os chás. É mais revolucionário sermos amigas e rompermos a obviedade de um mundo que nos quer competindo. É mais revolucionário se abraçar, que disputar o belo da moda - esses belos vão passar e vão seguir a vida no vazio de sugar vaginas, com liquidez e descartabilidade. Eles querem números. E não, não somos. Somos furia, paixão, gemido e muita muita amizade. Somos tanto mais, tanto mais compaixão juntas, que narizes tortos de despeito. Somos mais perigosas amigas, mulheres, que moças objeto em propagandas de cerveja. Que o perigo seja experenciar a amizade. A amizade, sim, essa é revolucionária. E que a beleza seja de contemplar, não de nos moldar. Amigas, pela revolução.
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