quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A borboleta e o peixe

Sonhei. E estupefata defrontei-me numa realidade nova.
As borboletas cansaram de ser borboletas. Do mundo. Do ar.
Deliberaram entre si que quando fizessem a metamorfose. Virariam peixe.
Seguras, iriam viver coloridas num fundo do mar, abundante de cores únicas.
E ao ouvir a notícia na tevê, parava tudo o que fazia: que graça terá o mundo sem borboletas?
De certo, um alívio pueril: embora goste de seus movimentos, não me alegra a sensação de ter borboletas pousadas em mim. Não pousem, por favor. Só voem.
Que graça teria o mundo sem  a sua rara leveza? Quase nada é leve.
Quase tudo afunda. Até vós, borboletas.
Não, não foi verdade.
As borboletas não viraram peixe.
Ainda há leveza. E esperança.

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