segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Descerá de uma estrela brilhante

Por detrás do turbilhão do dia, das páginas, das laudas, das palavras, do silêncio, do algodões sujos de maquiagem, do colesterol alto - haverá amor? Haverá amor de amante antes que a vida se rompa e leve seu último sopro. Apesar dos atentados na Líbia, dos incêndios higienistas em São Paulo, da eleição de escroques à prefeitura dessa e de uma centena de outras cidades brasileiras, os olhos lacrimejam todas as noites, ante a luz incandescente da luminária: haverá amor? Haverá amor no peito de verdade? Haverá amor e haverá verdade? Haverá sentido para estarmos irremediavelmente sós, mesmo estando juntos. Irremediavelmente sós - mas em busca daquele outro. Que virá? Como um índio - foram mortos. Todos. Ou quase todos. Sobraram raros. Que virá como os filhos de Ganghy, que trocam colares por beijo - transmitem saliva, doença, vazio. Que virá como Dionisio - incendeie meu peito, mas não queime meus dedos. Virá algum amor - que tem que existir. Como o verde. Como o que sobra de esperança, que emerge entre a borra de café, no projeto de tomateiro, que cultivo, com amor - dou me amor imenso aos tomateiros. Todas as manhãs: entrego-lhe devota: sou mulher cheia de amor, te entrego tomate. Você que é vermelho e não me diz não. Não, ao lado dele, não cresce manjericão. Mas é verde. Cultivo. Com a esperança. Haverá.

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