domingo, 20 de janeiro de 2013

Longo diálogo mental (III)

Não sei lidar bem com a passagem do tempo. Sei que estou melhor agora do que há dez anos atrás. Mas o tempo me açoita dia e noite. O tempo me diz que ele já está acabando e que preciso ser rápida se quiser ainda fazer o que não fiz. E não fiz muita coisa. Não porque eu sou preguiçosa, burra ou incapaz. Mas porque o que é fácil para um, é um monte intransponível de dificuldades para o outro. É fácil para muitas ter cinco amantes simultâneos. Para mim, é mais fácil trabalhar em três assuntos diferentes e escrever uma dissertação ao mesmo tempo. O amor para mim é uma dificuldade e seus trâmites são um mistério. A paquera é algo que não compreendo e não sei fazer. O tempo passou e não fui alfabetizada no vocabulário afetivo e enfim, temo que não possa viver aquilo que qualquer garota de 13 anos viveu. Ainda não sei nadar, não escalei montanhas, não fui amada e não sei andar de bicicleta. Sou fútil, carente, falo besteiras e tenho mais vestidos que eventos para ir. Nunca fui à Europa, nem pari a menina que sempre quis ter. Temo o tempo, as celulites, a esclerose múltipla. Temo a solidão que conheço bem - porque sempre sonhei, pelo menos por uma estação inteira ter companhia e receber flores. Quero tanta coisa e me esforço para fazer, para resolver. Tentei nadar, mas ainda preciso de uma mão carinhosa segurando a minha. Tenho 34 anos e não queria, não sem ter nunca sido esperada por alguém, nem sem ter vivido o verão que eu sempre ouvi falar e não tenho ideia como viver. Sou ainda uma menina que sonha ouvindo musicas românticas nas FMs. Mas o tempo me diz que já sou uma mulher madura, de meia idade e que a juventude já está indo embora. E eu não queria ter mais medo. Nem queria não saber como é doce o amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário