quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Dos azuis e do que os olhos não vêem

Ao cruzar de volta os morros azuis, inevitáveis saudades: aquele lugar me aponta um espelho d'água tão nítido, cujo movimento me desperta e desponta. Se de dia converso com as plantas e flores, me perco entre as rosas e sempre-vivas, bebo do suco doce da manga e da nudez nas águas do rio, de noite entonteço ante a escuridão, que me revela estrelas que não conheço, lança luz sobre a moça triste e acabrunhada - que a todo modo, tento ignorar a existência. Diante das lagoas escuras, cujo fundo não enxergo, a força incógnita das águas que não me revelam o que guardam ao fundo. A completa ignorância em torno da vontade dos homens. E diante daquilo que desconheço, a paralisia e a melancolia do medo. Nesse lugar sou a que sou: sensível, frágil, temente da noite, do desconhecido. Sou gentil, gosto do dia, amante da beleza e curiosa do profundo. Imaginativa e receptiva, mas medrosa e assustada. Aceito a bruxa que vive sob meus olhos. Aceito a minha missão de a tudo sentir muito. Aceito que o céu indiscutivelmente azul e o  vermelho gritante da estrada me sussurre aos ouvidos que não há ilusões. E que já não é tempo de Maya.

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